Apresentação
Kleber Frizzera

Pequena história do Tempo de Crítica
William Golino

Crítica dos artistas:
Attílio Colnago
Augusto Alvarenga
Bernadette Rubim
Eduardo Cozendey
Emílio Aceti
Irineu Ribeiro
José Cirillo
Joyce Brandão
Júlio Tigre
Lincoln G. Dias
Norton Dantas
Orlando Rosa Farya

 



TEMPO DE CRÍTICA

Em uma escola, um Centro das Artes, onde as Artes Visuais convivem com a Música, o Design e a Arquitetura; em uma Universidade onde partilhamos a curiosidade humana com todas as outras formas do saber humano, não há modo de aprendizado e produção que não alie o conhecimento de um ofício com a reflexão crítica de sua feitura, significado e apropriação social. Submetidos, muitas vezes, à lógica imediatista do mercado, é bom lembrar que a Universidade é o local da competência mas principalmente o locus da liberdade, onde acima dos interesses imediatos do capital e do estado estão os valores maiores da verdade, da ética e da beleza, a serem exercidos nas ciências, nas técnicas e nas artes.

No mundo acadêmico, o tempo da crítica deve ser o tempo permanente da pesquisa e do ensino, da produção e de sua exposição, a ser exercido quotidianamente nas salas de aula, nos laboratórios, nos ateliers e nos corredores. Se perdermos esta capacidade, perdemos junto o nosso compromisso de educadores e pesquisadores de repensar, em cada instante, a sociedade que nos cerca, seus problemas e eventuais soluções, apontar novas possibilidades e sentidos que possam ser vivenciados e exercidos pelos homens e mulheres.

Estão de parabéns os estudantes e o professor William Golino que se atreveram a ultrapassar o fácil e o superficial e, no embate direto com a obra de arte, buscam definir novas leituras, intentam diálogos que são interferências criativas e explicitam falas que ampliam as suas experimentações e significações. Não há maneira de pensar que não passe por relações de trocas e negociações, nas quais o argumento e o discurso são os elementos que propiciam o debate criativo e inovador.

Fazer uma Universidade pública, gratuita e de qualidade é, fundamentalmente, não perder de vista estes princípios que a criaram e que a mantém viva, mesmo quando submetida a tentativas contínuas de esvaziamento e depreciação. É bom sentir que mesmo aos cinqüenta anos de existência o Centro de Artes continua ativo, surpreendente e capaz de formar novas gerações de artistas críticos e engajados na invenção de um mundo mais belo, feliz e solidário.

Kleber Frizzera
Diretor do Centro de Artes UFES